.Diagrama de Venn – Conjuntos

Usando diagramas de Venn para ajudar a
entender a linguagem de conjuntos


Aqui, vamos utilizar diagramas de Venn para ilustrar e tentar entender algumas definições que aparecem de vez em quando nos nossos estudos.

I – Relação de Pertinência


Os objetos que compõem um conjunto são denominados “elementos” do conjunto em questão. A pertinência (ato de pertencer) a um conjunto é usualmente indicada pelo símbolo [tex]\in[/tex] e, a não pertinência, pelo símbolo [tex]\notin [/tex]. Assim:
a notação [tex]x \in X[/tex] significa que "o objeto [tex]x[/tex] é elemento do conjunto [tex]X[/tex]";
a notação [tex]b \notin B[/tex] indica que "o objeto [tex]b[/tex] não é elemento do conjunto [tex]B[/tex]".
Dessa forma, utilizando a figura abaixo, podemos usar as expressões:
[tex]2 \in A[/tex] para indicar que o número [tex]2[/tex] é elemento do conjunto [tex]A[/tex].
[tex]5 \notin A[/tex] para indicar que o número [tex]5[/tex] não é elemento do conjunto [tex]A[/tex].

s02

Dependendo do contexto, o símbolo [tex]\in[/tex] pode ser lido como

– “é elemento de”;
– “é membro de”;
– “está em”, “pertence a”;

e a sua negação [tex]\notin [/tex] pode ser lida como

– “não é elemento de”;
– “não é membro de”;
– “não está em”, “não pertence a”.

Particularmente, um conjunto que não tem elementos é o que definimos como um "conjunto vazio" e é representado pelo símbolo [tex]\emptyset[/tex] ou por [tex]\{ \, \, \}[/tex].
Assim, por exemplo, se [tex]S[/tex] é o conjunto dos números naturais que são pares e ímpares simultaneamente, então [tex]S=\emptyset.[/tex]
Observamos que é absolutamente incorreto utilizar [tex]\{\emptyset\}[/tex] para representar o conjunto vazio.






II – Relação de Inclusão


Se todo elemento de um conjunto [tex]A[/tex] é também elemento de um conjunto [tex]B[/tex], dizemos que [tex]A[/tex] está contido em [tex]B[/tex] (ou que [tex]A[/tex] é subconjunto de [tex]B[/tex]) e utilizamos a notação [tex]A \subset B[/tex].

s03

Com relação à figura acima, podemos escrever que:
[tex]A \subset B[/tex], para indicar que [tex]A[/tex] é subconjunto de [tex]B[/tex];
[tex]A \subset S[/tex], para indicar que [tex]A[/tex] é subconjunto de [tex]S[/tex];
[tex]B \subset S[/tex], para indicar que [tex]B[/tex] é subconjunto de [tex]S[/tex];
[tex]A \subset B \subset S[/tex], para indicar as três inclusões.

Se existir pelo menos um elemento de um conjunto [tex]X[/tex] que não seja elemento de um conjunto [tex]M[/tex], dizemos que [tex]X[/tex] não está contido em [tex]M[/tex] (ou que [tex]X[/tex] não é subconjunto de [tex]M[/tex]) e utilizamos a notação [tex]X \not\subset M[/tex].
Com relação à figura acima, podemos escrever que:
[tex]B \not\subset A[/tex], para indicar que [tex]B[/tex] não é subconjunto de [tex]A[/tex];
[tex]S \not\subset A[/tex], para indicar que [tex]S[/tex] não é subconjunto de [tex]A[/tex];
[tex]S \not\subset B[/tex], para indicar que [tex]S[/tex] não é subconjunto de [tex]B[/tex].






III – Operações com conjuntos


Assim como podemos somar e multiplicar números, existem algumas operações que podemos fazer com conjuntos. Com isso, é possível criarmos novos conjuntos a partir de conjuntos dados utilizando essas operações, dentre as quais destacamos: a união (reunião), a interseção e a diferença. Vamos relembrar como efetuar cada uma delas e ilustrá-las com diagramas de Venn.

União (Reunião) de conjuntos

A união (reunião) de dois conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] é o conjunto indicado por [tex]A \cup B[/tex] e formado por todos os elementos de [tex]A[/tex] e por todos os elementos de [tex]B[/tex].
Em símbolos:
[tex]\qquad A \cup B = \{ x \, ; \, x \in A \textrm{ ou }\, x \in B\}[/tex].

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Na figura acima, [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] são representados pelos círculos e [tex]A \cup B[/tex] é a parte sombreada.
Nas imagens abaixo, podemos visualizar a união [tex]A \cup B[/tex] em outras situações relativas dos conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B.[/tex]

A segunda e a terceira imagens ilustram uma propriedade característica de subconjuntos:
se [tex]X[/tex] é um subconjunto de [tex]Z[/tex] ([tex]X \subset Z[/tex]), então [tex]X \cup Z=Z.[/tex]

Interseção de conjuntos

A interseção de dois conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] é o conjunto indicado por [tex]A \cap B[/tex] e formado pelos elementos comuns a [tex]A[/tex] e a [tex]B[/tex].
Assim:
[tex]\qquad A \cap B = \{ x \, ; \, x \in A \text{ e } x \in B\}[/tex].

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Na figura acima, [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] são também representados pelos círculos e [tex]A \cap B[/tex] é a parte sombreada.
Nas imagens abaixo, podemos visualizar a interseção [tex]A \cap B[/tex] em outras situações relativas dos conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B.[/tex]

A primeira imagem ilustra uma situação importante: os conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] não têm elementos em comum. Nesse caso, [tex]A \cap B=\emptyset \, [/tex] e dizemos que [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] são disjuntos.
A segunda e a terceira imagens ilustram mais uma propriedade característica de subconjuntos:
se [tex]X[/tex] é um subconjunto de [tex]Z[/tex] ([tex]X \subset Z[/tex]), então [tex]X \cap Z=X.[/tex]

Diferença de conjuntos

A diferença entre dois conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] é o conjunto indicado por [tex]A-B[/tex] e formado pelos elementos de [tex]A[/tex] que não são elementos de [tex]B[/tex].
Dessa forma:
[tex]\qquad A–B = \{ x \, ; \, x \in A \text{ e }\, x \notin B\}[/tex].

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Na figura acima, uma vez mais, [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] são representados pelos círculos e [tex]A-B[/tex] é a parte sombreada.
Nas imagens abaixo, podemos visualizar a diferença [tex]A-B[/tex] em outras situações relativas dos conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B.[/tex]

Como a diferença [tex]A-B[/tex] é, informalmente, "o que sobra de [tex]A[/tex] quando apagamos [tex]B[/tex]", a primeira e a terceira imagens acima ilustram, respectivamente, que:
se [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] são disjuntos ([tex]A \cap B=\emptyset \, [/tex]), então [tex]A-B=A.[/tex]
se [tex]A[/tex] é subconjunto de [tex]B[/tex]([tex]A \subset B \, [/tex]), então [tex]A-B=\emptyset.[/tex]

Quando temos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] conjuntos tais que [tex]B \subset A[/tex] (segunda imagem acima), a diferença [tex]A–B[/tex] é denominada o "complementar de [tex]B[/tex], com relação a [tex]A[/tex]" e indicada por [tex]\complement_A^B [/tex]. Particularmente, se [tex]S[/tex] é um conjunto que contém todos os conjuntos envolvidos em uma determinada discussão, a diferença [tex]S-X[/tex] é dita, simplesmente, o complementar de [tex]X[/tex] e é indicada com a notação [tex]\complement X [/tex] ou [tex]\overline{X}[/tex].

Podemos utilizar diagramas de Venn para ajudar no entendimento de propriedades dessas três operações definidas. Abaixo vamos apresentar cinco dessas propriedades e ilustrar três delas.

IV – Algumas propriedades importantes


Sejam [tex]A[/tex], [tex]B[/tex] e [tex]C[/tex] conjuntos quaisquer; então valem as propriedades abaixo.

Comutatividade da união
[tex]\qquad (A \cup B) = (B \cup A)[/tex]
Comutatividade da interseção
[tex]\qquad (A \cap B) = (B \cap A)[/tex]
Distributividade da união em relação à interseção
[tex]\qquad A \cup (B \cap C) = (A \cup B) \cap (A \cup C)[/tex]
Distributividade da interseção em relação à união
[tex]\qquad A \cap (B \cup C) = (A \cap B) \cup (A \cap C)[/tex]
Se [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] forem subconjuntos de um conjunto [tex]S[/tex], então valem também as duas próximas propriedades.
Leis de De Morgan
[tex]\qquad \overline{A} \cup \overline{B} = \overline{A \cap B}[/tex]
[tex]\qquad \overline{A} \cap \overline{B} = \overline{A \cup B}[/tex]

Observação: Em função das comutatividades da união e da interseção, as duas distributividades podem ser assim reescritas:
[tex]\qquad (B \cap C) \cup A = (B \cup A) \cap (C \cup A)[/tex];
[tex]\qquad (B \cup C) \cap A = (B \cap A) \cup (C \cap A)[/tex].

Ilustrações

(1) Os próximos diagramas ilustram a propriedade distributiva [tex] A \cup (B \cap C) = (A \cup B) \cap (A \cup C)[/tex].

Para obtermos a respectiva representação do conjunto [tex] A \cup (B \cap C)[/tex] seguimos os seguintes passos:
Sombreamos o conjunto [tex]A[/tex];
Sombreamos a interseção [tex]B \cap C[/tex];
Sombreamos a união de [tex]A[/tex] e a interseção [tex]B \cap C[/tex].
Para obtermos a respectiva representação do conjunto [tex] (A \cup B) \cap (A \cup C)[/tex] seguimos os seguintes passos:
Sombreamos os conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] para ilustrar a união [tex] A \cup B[/tex];
Sombreamos os conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]C[/tex] para ilustrar a união [tex] A \cup C[/tex];
Fizemos a sobreposição das representações das uniões [tex]A \cup B \, [/tex] e [tex]A \cup C \, [/tex] e sombreamos a interseção.

S36
S37_1

Observem que os sombreamentos finais dos dois passo a passos ilustram a igualdade em questão.



(2) Consideraremos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] subconjuntos de um conjunto [tex]S[/tex]. Os próximos diagramas ilustram a primeira lei de De Morgan [tex]\overline{A} \cup \overline{B} = \overline{A \cap B}[/tex].
Para a representação do conjunto [tex] \overline{A} \cup \overline{B}[/tex] seguimos os seguintes passos:
Colorimos o complementar de [tex] A[/tex], com relação a [tex] S[/tex];
Colorimos o complementar de [tex]B[/tex], com relação a [tex] S[/tex];
Colorimos a união de [tex]\overline A[/tex] e [tex]\overline B[/tex].
Para obtermos a representação do conjunto [tex]\overline{A \cap B}[/tex] seguimos os seguintes passos:
Colorimos a interseção dos conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex];
Colorimos o complementar da interseção [tex] A \cap B[/tex].


Observem que as regiões coloridas dos últimos diagramas dos dois passo a passos ilustram a igualdade em questão.



(3) Consideraremos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] subconjuntos de um conjunto [tex]S[/tex]. Os próximos diagramas ilustram a segunda lei de De Morgan [tex]\overline{A} \cap \overline{B} = \overline{A \cup B}[/tex].
Para a representação do conjunto [tex] \overline{A} \cap \overline{B}[/tex] seguimos os seguintes passos:
Colorimos o complementar de [tex] A[/tex], com relação a [tex] S[/tex];
Colorimos o complementar de [tex]B[/tex], com relação a [tex] S[/tex];
Colorimos a interseção de [tex]\overline A[/tex] e [tex]\overline B[/tex].
Para obtermos a representação do conjunto [tex]\overline{A \cup B}[/tex] seguimos os seguintes passos:
Colorimos a união dos conjuntos [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex];
Colorimos o complementar da união [tex] A \cup B[/tex].

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s41

Observem que as regiões coloridas dos últimos diagramas dos dois passo a passos ilustram a igualdade em questão.

Para quem gosta de resolver exercícios …

V – Exercícios


1. Represente conjuntos pelos diagramas de Venn e ilustre as seguintes propriedades:

[tex]\qquad (A \cap \overline{B})\cup (A \cap B)=A[/tex]
[tex]\qquad (A \cap B) \cup (\overline{A} \cap B)= B[/tex]
[tex]\qquad (A \cap \overline{B})\cup (A \cap B) \cup (\overline{A} \cap B)=A \cup B[/tex]

2. Quais das seguintes igualdades são verdadeiras?

(a) [tex](A \cup B) \cap (A \cup C) = A \cup (B \cap C)[/tex]
(b) [tex]A \cup B = (A \cap \overline{B}) \cup B[/tex]
(c) [tex]\overline{A} \cap B = A \cup B[/tex]
(d) [tex](\overline{A \cup B}) \cap C = \overline{A} \cap \overline{B} \cap C[/tex]
(e) [tex](A \cap B) \cap (\overline{B} \cap C) = \emptyset[/tex]
(f) [tex](A \cap B) \cup (A \cap \overline{B}) = A[/tex]

Observamos que os diagramas de Venn ilustram propriedades envolvendo conjuntos, mas não as demonstram. Demonstrações para esse tipo de propriedades exigem técnicas que não temos interesse em discutir nesta Sala.
Embora não sirvam como demonstrações, diagramas de Venn são de grande ajuda!



Equipe COM – OBMEP

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