b_Niccolò Fontana (Tartaglia)

Niccolò Fontana


     Niccolò Fontana, conhecido como Tartaglia, foi um matemático italiano nascido em 1499, na Brescia – república de Veneza (Itália), e que morreu em dezembro de 1557, em Veneza.
     Durante a ocupação francesa da Brescia, o pai de Niccolò foi assassinado e ele próprio recebeu graves ferimentos. Um desses ferimentos, um golpe de sabre na mandíbula, o fez ter um problema de fala que o acompanharia por toda a vida e valeria seu apelido Tartaglia (gago). Niccolò sempre usou barba para disfarçar suas enormes cicatrizes.
     De origem muito humilde, sua família não pôde lhe proporcionar nenhum tipo de educação; somente aos catorze anos, e pelos próprios meios, o jovem Tartaglia aprendeu a escrever. Já adulto, ganhava a vida como professor itinerante: morou em Brescia, Piacenza, Verona, Mântua e Veneza, onde se estabeleceu em 1534.
     Além de professor, Tartaglia era engenheiro e participava de competições matemáticas. Em uma dessas competições, foi proposta a resolução de várias equações da forma x³ + px = q; Tartaglia conseguiu descobrir a solução geral e ganhou o prêmio. Mais tarde, ele revelou seu método de resolução para esse tipo de equação a Girolamo Cardano, sob promessa de sigilo, já que Tartaglia desejava manter sua fórmula em segredo para as suas próximas competições. Em 1543, Cardano teve oportunidade de conhecer o trabalho do matemático Scipione del Ferro, falecido em 1526, no qual era apresentada uma fórmula para resolver uma equação cúbica. Com isso, em 1545, Cardano publica em sua obra “Ars magna” soluções para equações do 3º grau e do 4º grau, alegando que, mesmo tendo jurado não revelar o método de Tartaglia, nada o impedia de publicar a fórmula de del Ferro. De todo modo, a polêmica estava lançada.

     Embora, nos dias de hoje, a fórmula para se resolver equações do terceiro grau seja denominada fórmula Cardano-Tartaglia, Tartaglia deu outras contribuições para a matemática. Antes de se envolver nas discussões sobre a equação cúbica, em 1537, ele escreveu a sua primeira obra, “Nova scientia inventa”, sobre a aplicação da matemática à balística.
     Em 1546, Tartaglia publicou “Quesiti et inventioni diverse”, uma obra que tratava, essencialmente, sobre questões de engenharia e de arte militar, mas na qual apareciam muitas questões matemáticas.

    A obra mais longa de Tartaglia é o incompleto “Tratado Geral de Números e Medidas” (1556-60), uma enciclopédia vasta e um tanto desordenada que continha regras de aritmética, álgebra, geometria e física. Era dividida em seis partes: as duas primeiras partes foram publicadas em Veneza, em 1556, e as outras quatro, postumamente, em 1560. Essa obra se espalhou rapidamente por toda a Itália e ficou muito conhecida e foi apreciada, também, no exterior.


     Deve-se, ainda, a Tartaglia a primeira edição italiana dos “Elementos” de Euclides (uma tradução comentada), em 1543, assim como versões e edições de obras de Arquimedes e de Jordanus Nemorarius.
     Tartaglia morreu na pobreza em sua casa em Veneza.


"Ars Magna"


Obra-prima do Renascimento e considerada um dos três maiores tratados científicos do período, Ars Magna (A Grande Arte), foi escrita em 1545 por Girolano Cardano. A obra sempre foi alvo de profunda controvérsia quanto à autoria dos métodos ali descritos; mas, para especialistas, ela representa um novo olhar sobre antigos problemas e suscita, ainda hoje, a atenção de estudiosos da História da Matemática.
O Ars Magna é a primeira obra a conter métodos de resolução de equações de terceiro e quarto grau e nela os números complexos aparecem pela primeira vez.
Segundo o professor Flávio Ulhoa Coelho, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, "a publicação de Ars Magna levou a uma procura por fórmulas gerais para equações algébricas e também a um novo entendimento do que poderia ser a Álgebra. Os séculos seguintes trouxeram muitos desenvolvimentos na matemática, os quais poderíamos dizer que tiveram inspiração nesse livro".

Para entender um pouco da polêmica história da descoberta das soluções algébricas de equações de 3° grau e de 4° grau, clique AQUI.



Fontes:
[1] APPS UNIVESP – Último acesso em 09/04/23.
[2] Biografías y Vidas – Último acesso em 09/04/23.
[3] MacTutor – Último acesso em 09/04/23.
[4] Enciclopédia Britânica – Último acesso em 09/04/23.
[5] Nicolo Fontana de Brescia – Último acesso em 09/04/23.
[6] “Ars Magna”, de Girolano Cardano, e os desdobramentos da história da matemática – Último acesso em 09/04/23.
[7] Niccolò Tartaglia (de Elisa Agostini) – Último acesso em 09/04/23.
[8] RPM 25 – Último acesso em 09/04/23.

Equipe COM – OBMEP

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