Rascunho Romanos

Você já se deparou com algarismos romanos
em algum momento da vida?

Nos dias de hoje, não é difícil encontrá-los em mostradores de relógios, na numeração de artigos de documentos ou de capítulos de livros, diferenciando papas, rainhas e reis com o mesmo nome (rei Luís XV, Papa Paulo VI), na identificação de séculos, entre outras situações.

Um Pouco de História


Você saberia dizer como surgiram os algarismos romanos?

Os algarismos romanos são originários da Roma Antiga. Foram desenvolvidos como uma forma de identificação matemática simples e usados praticamente em todo o Império Romano. Esse sistema é composto de apenas sete símbolos que, atualmente, correspondem a letras maiúsculas do nosso alfabeto; a saber: [tex]I, V, X, L, C, D[/tex] e [tex]M[/tex].

No livro [tex]50[/tex] IDEIAS DE MATEMÁTICA QUE VOCÊ PRECISA CONHECER, cita-se que foi sugerido que o uso dos símbolos [tex]I, II, III, IIII[/tex] derivou da aparência dos dedos e o símbolo [tex]V[/tex] do formato da mão aberta.


Se você estranhou a representação do número [tex]4[/tex] mostrada acima, saiba que esta é uma curiosidade desse sistema. Hoje a representação do [tex]4[/tex] no sistema dos algarismos romanos é conhecida no mundo todo como sendo [tex]IV[/tex]; mas há registros que mostram a forma de representação diferenciada mais arcaica: [tex]IIII[/tex]. Esta última, apesar de pouco conhecida, é muito vista em relógios que costumam apresentar as horas por meio de algarismos romanos.
(Sobre esse fato, aprofunde seu conhecimento lendo o texto deste link.)

O símbolo [tex]X[/tex], por sua vez, parece ter sido obtido da junção de dois símbolos [tex]V[/tex], com um deles invertidos, obtendo-se, assim, duas mãos ou dez dedos.

Outro fato curioso é que os romanos não conheciam o zero, que só veio a ser introduzido na Matemática muito tempo depois, pelos árabes. Dessa forma, os romanos não tinham a representação para o zero em seu sistema de numeração, para eles o numeral de menor valor era o [tex]1.[/tex]

Curiosidade Histórica


Um registro da forma não usual de representar o número [tex]4[/tex] como [tex]IIII[/tex] aconteceu com o nome do Luís, o décimo quarto rei da França, hoje universalmente conhecido como Luís [tex]XIV[/tex].
Na verdade, ele preferia ser conhecido como Luís [tex]XIIII[/tex] e fez uma lei para que todos os relógios mostrassem as [tex]4[/tex] horas como [tex]IIII[/tex] horas.







O Sistema de Numeração Romano


O sistema romano, diferentemente de outros sistemas de numeração, utiliza apenas os seguintes símbolos:

Tendo como base esses sete símbolos, os romanos desenvolveram regras específicas de agrupamentos, originando um sistema numérico próprio. A comparação com os algarismos indo-arábicos [tex](1, 2, 3, \cdots)[/tex] permite entender melhor essas regras.
No sistema indo-arábico, de acordo com a posição ocupada, um mesmo algarismo assume valores diferentes. No sistema numérico romano, as regras diferem consideravelmente.

Vejamos!

I – Regras para Numeração Romana


As três primeiras regras que abordaremos são utilizadas para a escrita dos números de [tex]1[/tex] a [tex]3999[/tex].

Regra 1
Quando agrupamos símbolos à direita de outros iguais ou de maior valor, adicionamos seus valores. Observe os exemplos do próximo quadro.

Regra 2
Quando agrupamos símbolos à esquerda de outros que tenham maior valor, subtraímos os respectivos valores, desde que sejam observados os seguintes casos:
Os símbolos [tex]M[/tex] e [tex]D[/tex] admitem somente subtração do valor do símbolo [tex]C[/tex];
Os símbolos [tex]C[/tex] e [tex]L[/tex] admitem somente subtração do valor do símbolo [tex]X[/tex];
Os símbolos [tex]X[/tex] e [tex]V[/tex] admitem somente subtração do valor do símbolo [tex]I[/tex].
Observe os exemplos no quadro a seguir.

Regra 3
Na formação dos algarismos romanos, alguns símbolos podem ser repetidos até 3 vezes seguidas.

Para cada um dos símbolos [tex]I, X[/tex] e [tex]C[/tex], a repetição só é possível se apenas eles aparecerem na representação ou quando colocados à direita de um símbolo de maior valor. O símbolo [tex]M[/tex] pode ser repetido sem problema. Símbolos colocados à esquerda de um símbolo de maior valor só podem se repetir apenas uma vez. Dessa forma, os romanos evitavam que um mesmo número do sistema fosse representado por um agrupamento aleatório de símbolos. Os símbolos [tex]V, L[/tex] e [tex]C[/tex] não podem aparecer repetidos. Veja alguns exemplos.

Agora, baseado no exposto, como representamos o número [tex]3555[/tex] em algarismos romanos?

Inicialmente, observe que o número [tex]3555[/tex] corresponde à soma dos números [tex]3000[/tex], [tex]500[/tex], [tex]50[/tex] e [tex]5[/tex]. Deste modo, o [tex]3555[/tex] em algarismos romanos seria a junção dos símbolos [tex]MMM[/tex] com o símbolo [tex]D[/tex] mais o [tex]L[/tex] e, finalmente, o [tex]V.[/tex] Assim, obtemos a seguinte representação: [tex]MMMDLV.[/tex]

Continuando…

II – Regras para Numeração Romana


Agora, veremos regras para números acima de [tex]3999[/tex].

Regra 4
Para números indo-arábicos a partir de [tex]4000[/tex], foi estabelecido um símbolo convencional chamado vinculum (plural: vincula): um traço horizontal que, quando colocado sobre um ou mais símbolos, indica que o valor numérico do(s) símbolo(s) abaixo dele será multiplicado por mil. Desse modo, utiliza-se [tex]\overline{IV}[/tex] para representar [tex]4000[/tex]; [tex]\overline{V}[/tex] para [tex]5000[/tex]; [tex]\overline{XX}[/tex] para [tex]20000[/tex] e assim por diante.

Regra 5
Para números na casa dos milhões, bilhões, trilhões, [tex]\cdots[/tex], o símbolo receberá tantos vincula quantos forem necessários.
Por exemplo, como [tex]M[/tex] já equivale a [tex]1000[/tex], ele receberá apenas um vinculum para representar [tex]1000000[/tex], enquanto [tex]V[/tex] receberá dois vincula para indicar [tex]5000000[/tex] e assim sucessivamente.

Exemplos

[tex]10\ 340[/tex]
Observe que [tex]10\ 340[/tex] é o mesmo que [tex]10\ 000+300+40[/tex]. Portanto, basta escrevermos o [tex]10\ 000=\overline{X}[/tex], seguido do [tex]300=CCC[/tex] e do [tex]40=XL:[/tex] [tex]\overline{X}CCCXL \, .[/tex]

[tex]87\ 990\ 000[/tex]
Veja que [tex]87\ 990\ 000[/tex] é o mesmo que [tex]87\ 000\ 000+990\ 000[/tex]. Portanto, basta escrevermos o [tex]87\ 000\ 000=\overline{\overline{LXXXVII}}[/tex], seguido do [tex]990\ 000=\overline{CMXC} [/tex], ou seja, [tex]\overline{\overline{LXXXVII}}\overline{CMXC} \, .[/tex]







Uma curiosidade envolvendo algarismos romanos


O Presídio de Ushuaia guarda histórias curiosas

Como a Terra do Fogo era (e ainda é) um ponto estratégico para a navegação, o governo de Buenos Aires decidiu colonizar a região sul para manter sua soberania.
Desta forma, transfere o presídio militar da Ilha dos Estados para Ushuaia. Em 1896 chega à “Penitenciária dos Reincidentes” o primeiro grupo de prisioneiros, formado por nove mulheres e quatorze homens. São eles quem iniciam a construção do prédio – obra que duraria dezoito anos.

As 380 celas eram para um único preso cada, mas o lugar chegou a abrigar até 800. Só gente da melhor qualidade – desde criminosos em série até prisioneiros políticos. Além de se ocuparem internamente – com oficinas de carpintaria, ferragens, mecânica e de sapatos – os prisioneiros labutavam na construção civil de Ushuaia. Em 1910 foi habilitado o “Trem do Fim do Mundo”, que ligava a prisão aos bosques do Parque Nacional da Terra do Fogo, onde eles cortavam a lenha utilizada na cozinha e na calefação do presídio.
Os que conseguiam fugir durante o “passeio” não iam muito longe. Apesar do clima gélido da região, usavam roupas pouco apropriadas. Quando se viam sós em plena selva, ou morriam ou voltavam à vida quentinha do presídio.
O Presídio Nacional de Ushuaia funcionou até 1947, quando o presidente Juan Domingo Perón determinou seu fechamento alegando razões humanitárias. Até 1949 todos os presos já haviam sido transferidos.


Fonte: http://gesetrabalhoempresidios.blogspot.com.br/2012/12/presidio-do-fim-do-mundo.html (Acesso em 23/11/2018)

Os presos de Ushuaia usavam um chapéu no qual constava uma identificação acerca dos seus crimes e anos de condenação, conforme mostra imagem abaixo retirada do acervo próprio presídio.

Bibliografia:
[1] CRILLY, Tony. 50 ideias de matemática que você precisa conhecer. (Original: 50 maths ideas you really need to know). São Paulo: Planeta, 2017.
[2] Revista do Professor de Matemática 5 – página 46 – Algarismos Romanos – Uma aula diferente – Márcia de Oliveira Rebello e Rosângela Tortora
[3] https://www.colegioweb.com.br/matematica/origem-dos-numeros-romanos.html(Último acesso em 23/11/18)
[4] http://gesetrabalhoempresidios.blogspot.com.br/2012/12/presidio-do-fim-do-mundo.html (Último acesso em 23/11/18)

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