Fórmula de Herão: Dedução 5

Dedução 5


Nesta quinta dedução utilizaremos as definições e propriedades básicas dos números complexos e dois resultados da Geometria Plana: um resultado sobre tangência de retas e circunferência e um segundo que relaciona a área de um triângulo com o raio da sua circunferência inscrita e seu semiperímetro.
Na nossa discussão, os fatos elementares da Trigonometria e da Geometria Plana que utilizaremos serão apenas citados.

Ferramentas necessárias


Números complexos:
O que vamos utilizar diretamente na dedução:

  • definição algébrica de um número complexo;
  • definição trigonométrica de um número complexo;
  • produto de números complexos, via forma algébrica;
  • produto de números complexos, via forma trigonométrica.

Se precisar, clique no botão a seguir para relembrar essas definições e propriedades.

Olhando para a história da matemática, vemos que o surgimento dos números complexos está relacionado à resolução de equações algébricas, sobretudo às de grau 3.
Um número complexo [tex]z[/tex] é um número da forma [tex]z = a + bi[/tex], onde [tex]a[/tex] e [tex]b[/tex] são números reais e [tex]i[/tex] é uma constante, denominada constante imaginária, com a propriedade [tex]i^2=-1[/tex], ou de outra forma, [tex]i=\sqrt{-1}.[/tex]
É graças a essa constante imaginária que, por exemplo, encontramos raízes para equações como [tex]x^2+1=0[/tex]; [tex]x^2+10=0[/tex];[tex]x^2+2000=0[/tex], enfim, equações da forma [tex]x^2+n=0[/tex], onde [tex]n[/tex] é um número real positivo.
Sem esse tipo de número, essas e outras equações não teriam soluções, já que uma característica de qualquer número real [tex]r[/tex] é que [tex]r^2 \geqslant 0.[/tex]
Na notação [tex]z = a + bi[/tex], [tex]a[/tex] é dita a parte real de [tex]z [/tex] e [tex]b[/tex], a parte imaginária.
A soma e o produto de números complexos são feitos de maneira muito natural. Se [tex]\boxed{z_1 = a_1 + b_1i}\, [/tex] e [tex]\, \boxed{z_2 = a_2 + b_2i}[/tex] são números complexos, então:

  • [tex]\, \boxed{z_1+z_2 = (a_1 +a_2)+ (b_1+b_2)i}[/tex]
    ou seja, somamos dois números complexos somando parte real com parte real e parte imaginária com parte imaginária.
  • [tex]z_1 \cdot z_2 = (a_1 +b_1i) \cdot (a_2+b_2i)[/tex]
    [tex]z_1 \cdot z_2 = a_1 \cdot a_2+a_1 \cdot b_2i+b_1i \cdot a_2+ (b_1 \cdot b_2)i^2[/tex]
    [tex]z_1 \cdot z_2 = a_1 \cdot a_2+(a_1 \cdot b_2+b_1 \cdot a_2)i+ (b_1 \cdot b_2)(-1)[/tex]
    [tex]\boxed{z_1 \cdot z_2 = (a_1 \cdot a_2-b_1 \cdot b_2) +(a_1 \cdot b_2+b_1 \cdot a_2)i}\, .[/tex]

Particularmente nesta dedução da fórmula de Herão, vamos precisar da chamada forma polar ou forma trigonométrica de um número complexo.
Essa representação não é difícil de entender e surge quase que naturalmente, quando buscamos uma interpretação geométrica para os números complexos. Observe.
Consideremos [tex]z = a + bi[/tex]. Como [tex]a\, [/tex] e [tex]\, b[/tex] são números reais, o par ordenado [tex](a,b)[/tex] tem uma representação geométrica: ele pode ser interpretado como o ponto [tex]P=(a,b)[/tex] de um plano cartesiano [tex]xOy.[/tex] Observando o ponto [tex]P=(a,b)[/tex] em um plano cartesiano, notamos dois objetos geométricos a ele associados, se [tex]z \ne 0[/tex]: o segmento [tex]\overline{OP}[/tex] e o ângulo de medida [tex]\theta[/tex] que esse segmento define com o eixo [tex]Ox[/tex]. Se [tex]z=0[/tex], o ponto [tex]P=(a,b)[/tex] associado é a origem do plano cartesiano; consideramos, então, [tex]\overline{OP}[/tex] como um segmento nulo e o ângulo de medida [tex]\theta[/tex] não é definido.
Note que o comprimento [tex]\rho[/tex] do segmento [tex]\overline{OP}[/tex] e a medida [tex]\theta[/tex] podem ser definidos a partir de [tex]a\, [/tex] e [tex]\, b[/tex]:

[tex] \rho=\sqrt{a^2+b^2}\qquad \qquad [/tex] e [tex]\qquad \qquad \begin{cases} sen\,\theta=\dfrac{b}{\rho}=\dfrac{b}{\sqrt{a^2+b^2}}\\cos\,\theta=\dfrac{a}{\rho}=\dfrac{a}{\sqrt{a^2+b^2}} \end{cases}[/tex], se [tex]z \ne 0[/tex].


Quando utilizamos um plano cartesiano para representar geometricamente números complexos:

  • o plano é denominado "plano de Argand-Gauss" (Jean Robert Argand (1768-1822) e Johann Carl Friedrich Gauss (1777-1855))
  • os eixos [tex]Ox[/tex] e [tex]Oy[/tex] passam a ser denominados "eixo real" e "eixo imaginário", respectivamente;
  • o número real não negativo [tex]\rho[/tex] é denominado "módulo do número complexo [tex]z[/tex]" e é denotado por [tex]|z|[/tex];
  • a medida [tex]\theta[/tex] é tal que [tex]0 \leqslant \theta \lt 2\pi[/tex] e o ângulo [tex]\theta[/tex] é chamado "argumento de [tex]z[/tex]".

Observem, a seguir, as três outras situações para a representação geométrica de um número complexo. Elas são decorrentes do valor de [tex]\theta[/tex].

Dessa forma, com as notações definidas, se [tex]z = a + bi[/tex] é número complexo não nulo, podemos também escrevê-lo como
[tex]\qquad \qquad z =(\rho\, cos\, \theta) + (\rho\, sen\, \theta)i=\rho\, (cos\, \theta + isen\, \theta).[/tex]
Observamos que:

  • A notação [tex]\boxed{z = a + bi}\, [/tex] é dita a forma algébrica do número complexo [tex]z.[/tex]
  • Se [tex]z\ne0[/tex], a notação [tex]\boxed{z =\rho\, (cos\, \theta + isen\, \theta)}\, [/tex] é dita forma trigonométrica ou forma polar do número complexo [tex]z.[/tex]

O produto de dois números complexos escritos na forma trigonométrica tem uma representação peculiar e esta será utilizada na Dedução 5 da fórmula de Heron. Vejamos.
Se [tex]z_1 =\rho_1\, (cos\, \theta_1 + isen\, \theta_1)\, [/tex] e [tex]\, z_1 =\rho_2\, (cos\, \theta_2 + isen\, \theta_2)[/tex], então:
[tex]\qquad \qquad \begin{align*}z_1\cdot z_2&=(\rho_1\, (cos\, \theta_1 + isen\, \theta_1))\cdot (\rho_2\, (cos\, \theta_2 + isen\, \theta_2))\\
&=\rho_1\cdot \rho_2\, (cos\, \theta_1 + isen\, \theta_1)\cdot (cos\, \theta_2 + isen\, \theta_2)\\
&=\rho_1\cdot \rho_2\, (cos\, \theta_1 \cdot cos\, \theta_2 + cos\, \theta_1 \cdot isen\, \theta_2 + isen\, \theta_1 \cdot cos\, \theta_2 + isen\, \theta_1 \cdot isen\, \theta_2)\\
&=\rho_1\cdot \rho_2\, (cos\, \theta_1 \cdot cos\, \theta_2 +i^2(sen\, \theta_1 \cdot sen\, \theta_2)+i(cos\, \theta_1 \cdot sen\, \theta_2+sen\, \theta_1 \cdot sen\, \theta_2))\\
&=\rho_1\cdot \rho_2\, (cos\, \theta_1 \cdot cos\, \theta_2 -sen\, \theta_1 \cdot sen\, \theta_2+i(cos\, \theta_1 \cdot sen\, \theta_2+sen\, \theta_1 \cdot sen\, \theta_2)).\\
\end{align*}[/tex]
Utilizando as fórmulas trigonométricas "do cosseno e do seno da soma", concluímos que:
[tex]\qquad \qquad \boxed{z_1\cdot z_2=\rho_1\cdot \rho_2\, [cos\, (\theta_1 +\theta_2)+isen\, (\theta_1+\theta_2)]}.[/tex]
Então, vemos que o produto dos números complexos [tex]z_1[/tex] e [tex]z_2[/tex] é o número complexo tal que:

  • seu modulo é o produto dos módulos de [tex]z_1[/tex] e [tex]z_2[/tex]; no nosso caso, [tex]\rho_1\cdot \rho_2[/tex];
  • seu argumento é a soma dos argumentos de [tex]z_1[/tex] e [tex]z_2[/tex]; no nosso caso, [tex]\theta_1+\theta_2[/tex].

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Lema 1: Se, a partir de um ponto [tex]P[/tex] externo a uma circunferência [tex]\Gamma[/tex], traçarmos as retas [tex]PA[/tex] e [tex]PB[/tex] tangentes a [tex]\Gamma[/tex], com [tex]A[/tex] e [tex]B[/tex] pontos de [tex]\Gamma[/tex], então [tex]\overline{PA}[/tex] e [tex]\overline{PB}[/tex] terão o mesmo comprimento.

A justificativa dessa propriedade é bastante simples, se você souber um pouquinho sobre triângulos congruentes. Observe que:

  • os triângulos [tex]PAO[/tex] e [tex]PBO[/tex] são triângulos retângulos;
  • os segmentos [tex]\overline{OA}[/tex] e [tex]\overline{OB}[/tex] têm o mesmo comprimento, já que são raios de [tex]\Gamma;[/tex]
  • o segmento [tex]\overline{PO}[/tex] é lado comum aos dois triângulos;

assim, pelo caso de congruência para triângulos retângulos, os triângulos [tex]PAO[/tex] e [tex]PBO[/tex] são congruentes e, consequentemente, [tex]\overline{PA}[/tex] e [tex]\overline{PB}[/tex] têm o mesmo comprimento. (Se você não se lembra dos casos de congruência de triângulos, clique AQUI.)

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Lema 2: A área de um triângulo é igual ao produto da medida do raio da sua circunferência inscrita pelo seu semiperímetro.

Considere um triângulo [tex]ABC[/tex] cujos lados têm comprimentos iguais a [tex]a[/tex], [tex]b[/tex] e [tex]c[/tex] e seu incentro [tex]I.[/tex]

A partir do ponto [tex]I[/tex], vamos construir três triângulos internos a [tex]ABC[/tex]: triângulos [tex]ABI[/tex], [tex]BCI[/tex] E [tex]CAI.[/tex]

Como o incentro de um triângulo é o centro da circunferência inscrita a ele, podemos encontrar facilmente uma altura para cada um dos três triângulos internos (Lembre-se de que os raios de uma circunferência inscrita construídos a partir dos seus pontos de tangência são perpendiculares aos respectivos lados.).

Pronto, quase finalizamos a nossa demonstração. Observe que a área [tex]S[/tex] do triângulo [tex]ABC[/tex] é a soma das áreas [tex] \fcolorbox{black}{#5CB3FF}{$S_1$}\, [/tex], [tex]\fcolorbox{black}{#FFFF00}{$S_2$}\, [/tex] e [tex]\fcolorbox{black}{#FFA85C}{$S_3$}[/tex] dos triângulos [tex]ABI[/tex], [tex]BCI[/tex] e [tex]CAI[/tex]; assim, se [tex]r[/tex] é o comprimento do raio da circunferência inscrita, como a área de um triângulo é dada por [tex]\dfrac{base \times altura}{2}[/tex], segue que:

[tex]\qquad S= \fcolorbox{black}{#5CB3FF}{$S_1$}+\fcolorbox{black}{#FFFF00}{$S_2$}+\fcolorbox{black}{#FFA85C}{$S_3$}\\
\qquad S= \dfrac{c \times r}{2}+\dfrac{a \times r}{2}+\dfrac{b \times r}{2}\\
\qquad S= r \times \left(\dfrac{c}{2}+\dfrac{a}{2}+\dfrac{b}{2}\right)\\
\qquad S= r \times \dfrac{a+b+c}{2}.\\
\, \, [/tex]
Observe que [tex]\dfrac{a+b+c}{2}[/tex] é o semiperímetro do triângulo [tex]ABC[/tex]; portanto,
[tex]\qquad \qquad \boxed{S= r \times p}[/tex], com [tex]p=\dfrac{a+b+c}{2}.[/tex]

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A dedução


Sejam [tex]ABC[/tex] um triângulo e [tex]I[/tex] o centro da sua circunferência inscrita (incentro do triângulo [tex]ABC[/tex]). Considere que [tex]T_1[/tex], [tex]T_2[/tex] e [tex]T_3[/tex] são os pontos de tangência dos lados de [tex]ABC[/tex] com relação ao centro da sua circunferência inscrita.
Olhando [tex]A[/tex], [tex]B[/tex] e [tex]C[/tex] como pontos exteriores à circunferência inscrita do triângulo [tex]ABC[/tex], podemos utilizar o Lema 1 e concluir que:

  • os segmentos [tex]\overline{AT_2}[/tex] e [tex]\overline{AT_3}[/tex] têm o mesmo comprimento, digamos [tex]x[/tex];
  • os segmentos [tex]\overline{BT_1}[/tex] e [tex]\overline{BT_3}[/tex] têm o mesmo comprimento, digamos [tex]y[/tex];
  • os segmentos [tex]\overline{CT_1}[/tex] e [tex]\overline{CT_2}[/tex] têm o mesmo comprimento, digamos [tex]z[/tex].

Com isso, temos que [tex]\boxed{a = y + z}[/tex] , [tex]\boxed{b = x + z}\, [/tex] e [tex]\, \boxed{c = x + y}\, .[/tex]
Vamos agora analisar três pares de triângulos internos ao triângulo [tex]ABC[/tex]: triângulos [tex]AT_2I[/tex] e [tex]AT_3I[/tex] ; triângulos [tex]BT_3I[/tex] e [tex]BT_1I[/tex] ; triângulos [tex]CT_1I[/tex] e [tex]CT_2I\, .[/tex]
Sendo [tex]r[/tex] a medida do raio da circunferência inscrita, observe que:

  • Esses triângulos possuem um ângulo reto: os segmentos [tex]\overline{IT_1}[/tex], [tex]\overline{IT_2}[/tex] e [tex]\overline{IT_3}[/tex] são perpendiculares aos lados [tex]\overline{BC}[/tex], [tex]\overline{AC}[/tex] e [tex]\overline{AB}[/tex] respectivamente, uma vez que [tex]T_1[/tex], [tex]T_2[/tex] e [tex]T_3[/tex] são os pontos de tangência;
  • os pares de triângulos "[tex]AT_2I[/tex] e [tex]AT_3I[/tex]", "[tex]BT_3I[/tex] e [tex]BT_1I[/tex]" e "[tex]CT_1I[/tex] e [tex]CT_2I\, [/tex]" possuem um lado comum;
  • um dos catetos desses triângulos é raio da circunferência inscrita, cujo comprimento denotaremos por [tex]r[/tex].

Como "[tex]AT_2I[/tex] e [tex]AT_3I[/tex]", "[tex]BT_3I[/tex] e [tex]BT_1I[/tex]" e "[tex]CT_1I[/tex] e [tex]CT_2I\, [/tex]" são pares de triângulos retângulos com um cateto e a hipotenusa ordenadamente congruentes, então temos três pares de triângulos congruentes.



Dessa forma, podemos afirmar que:

  • os ângulos [tex]T_1\hat IC[/tex] e [tex]T_2\hat IC[/tex] são congruentes;
  • os ângulos [tex]T_2\hat IA[/tex] e [tex]T_3\hat IA[/tex] são congruentes;
  • os ângulos [tex]T_1\hat IB[/tex] e [tex]T_3\hat IB[/tex] são congruentes.

Assim, se [tex]\theta_1[/tex], [tex]\theta_2[/tex] e [tex]\theta_3[/tex] forem as medidas desses ângulos, conforme mostra a figura ao lado, então podemos observar que [tex]2\theta_1+2\theta_2+2\theta_3=360^\circ[/tex], ou seja,

[tex]\boxed{\theta_1+\theta_2+\theta_3=180^\circ}.\qquad \textcolor{#800000}{(*)}[/tex]

A informação [tex]\textcolor{#800000}{(*)}[/tex] será muito útil no que se segue!

Agora vamos definir três números complexos:

[tex]\textcolor{#0099FF}{n_1=r + iz}\qquad;\qquad\textcolor{#CC66FF}{n_2=r + ix}\qquad;\qquad\textcolor{#66CC00}{n_3=r + iy}.\qquad \textcolor{#800000}{(ii)}[/tex]

Com base na figura acima, podemos representar geometricamente esse três números. Para isso, observe que [tex]\theta_1\lt 90^\circ[/tex], [tex]\theta_2\lt 90^\circ[/tex] e [tex]\theta_3\lt 90^\circ.[/tex]

Com isso, temos a forma trigonométrica desses três números:

[tex]\textcolor{#0099FF}{n_1=\rho_1(cos\, \theta_1+isen\, \theta_1)}\qquad ;\qquad \textcolor{#CC66FF}{n_2=\rho_2(cos\, \theta_2+isen\, \theta_2)}\qquad ;\qquad \textcolor{#66CC00}{n_3=\rho_3(cos\, \theta_3+isen\, \theta_3)}.\qquad \textcolor{#800000}{(iii)}[/tex]

Vamos calcular o produto [tex]P[/tex] desses três números complexos, via suas formas trigonométricas:
[tex]\qquad P=n_1 \cdot n_2 \cdot n_3\\
\qquad P=(\rho_1(cos\, \theta_1+isen\, \theta_1)) \cdot (\rho_2(cos\, \theta_2+isen\, \theta_2)) \cdot (\rho_3(cos\, \theta_3+isen\, \theta_3))\\
\qquad P=\left[(\rho_1(cos\, \theta_1+isen\, \theta_1)) \cdot (\rho_2(cos\, \theta_2+isen\, \theta_2))\right] \cdot (\rho_3(cos\, \theta_3+isen\, \theta_3))\\
\qquad P=\rho_1\cdot \rho_2[cos\, (\theta_1+\theta_2)+isen\, (\theta_1+\theta_2)] \cdot (\rho_3(cos\, \theta_3+isen\, \theta_3))\\
\qquad P=\rho_1\cdot \rho_2\cdot \rho_3[cos\, \underbrace{(\theta_1+\theta_2+\theta_3)}_{180^\circ\text{, por }\textcolor{#800000}{(*)}}+isen\, \underbrace{(\theta_1+\theta_2+\theta_3)}_{180^\circ\text{, por }\textcolor{#800000}{(*)}}] \\
\qquad P=\rho_1\cdot \rho_2\cdot \rho_3[cos\, 180^\circ+isen\, 180^\circ] \\
\qquad P=\rho_1\cdot \rho_2\cdot \rho_3[(-1)+i(0)] \\
\qquad P=-\rho_1\cdot \rho_2\cdot \rho_3 .\\
[/tex]
Obtivemos como produto um número complexo com a parte imaginária igual a zero, ou seja, [tex]P[/tex] é um número real. Vamos obter agora o produto [tex]P[/tex] a partir da forma algébrica dos números [tex]n_1\, ,\, n_2\, ,\, n_3[/tex] e observar o que significa a parte imaginária de [tex]P[/tex] ser zero nessa forma:
[tex]\qquad P=n_1 \cdot n_2 \cdot n_3\\
\qquad P=(r + zi) \cdot (r + xi) \cdot (r + yi)\\
\qquad P=[(r + zi) \cdot (r + xi)] \cdot (r + yi)\\
\qquad P=[(r^2-z\cdot x)+(r\cdot x + z\cdot r)i] \cdot (r + yi)\\
\qquad P=[(r^2-z\cdot x) \cdot r-(r\cdot x + z\cdot r) \cdot y]+[(r^2-z\cdot x) \cdot y+(r\cdot x + z\cdot r)\cdot r]i\\
\qquad P=[(r^3-z\cdot x \cdot r) -(r\cdot x \cdot y + z\cdot r\cdot y)]+[(r^2 \cdot y-z\cdot x \cdot y)+(r^2 \cdot x + z\cdot r^2)]i\\
\qquad P=(r^3-z\cdot x \cdot r-r\cdot x \cdot y – z\cdot r\cdot y)+(r^2 \cdot y-z\cdot x \cdot y+r^2\cdot x + z\cdot r^2)i\, .\\
[/tex]
Sabemos que a parte imaginária de [tex]P[/tex] é zero; então, segue que:
[tex]\qquad r^2 \cdot y-z\cdot x \cdot y+r^2\cdot x + z\cdot r^2=0\\
\qquad r^2 \cdot y+r^2\cdot x + z\cdot r^2=z\cdot x \cdot y\\
\qquad r^2 \left( y+ x + z\right)=z\cdot x \cdot y\\
\qquad r^2 =\dfrac{x\cdot y \cdot z}{x+y+z},\\
[/tex]
e sendo [tex]r \gt 0[/tex], concluímos que [tex]r =\sqrt{\dfrac{x\cdot y \cdot z}{x+y+z}\, }.\qquad \textcolor{#800000}{(iv)}[/tex]
Agora, se denotarmos o semiperímetro do triângulo [tex]ABC[/tex] por [tex]p[/tex], então
[tex]\qquad p=\dfrac{a+b+c}{2}\\
\qquad p=\dfrac{(z+y)+(z+x)+(x+y)}{2}\\
\qquad p=\dfrac{2x+2y+2z}{2}\\
\qquad p=\dfrac{\cancel{2}(x+y+z)}{\cancel{2}}\\
\qquad p=x+y+z.\qquad \textcolor{#800000}{(v)}\\
[/tex]
Portanto, segue de [tex]\textcolor{#800000}{(iv)}[/tex] que [tex]r =\sqrt{\dfrac{x\cdot y \cdot z}{p}\, }.[/tex]
Dessa forma, pelo Lema 2, temos que a área [tex]A_t[/tex] do triângulo [tex]ABC[/tex] é dada por:
[tex]\qquad \qquad A_t =\sqrt{\dfrac{x\cdot y \cdot z}{p}\, } \, \cdot\, p\\[/tex]
donde
[tex]\qquad \qquad A_t =\dfrac {p}{\sqrt{p}} \cdot \sqrt{x\cdot y \cdot z\, }\, \, . \qquad \textcolor{#800000}{(vi)}[/tex]
Mas, de [tex]\textcolor{#800000}{(v)}[/tex], temos que [tex] p=x+y+z[/tex], então:

  • [tex]x=(x+y+z)-y-z=p-(y+z)=p-a[/tex], ou seja, [tex]\boxed{x=p-a}[/tex];
  • [tex]y=(x+y+z)-x-z=p-(x+z)=p-b[/tex], ou seja, [tex]\boxed{y=p-b}[/tex];
  • [tex]z=(x+y+z)-x-y=p-(x+y)=p-c[/tex], ou seja, [tex]\boxed{z=p-c}[/tex].

Substituindo essas três igualdades obtidas em [tex]\textcolor{#800000}{(vi)}[/tex], obtemos:
[tex]\qquad A_t =\dfrac {p}{\sqrt{p}} \cdot \sqrt{(p-a)\cdot (p-b) \cdot (p-c)\, }\\
\qquad A_t= \sqrt{p}\cdot \sqrt{(p-a)\cdot (p-b) \cdot (p-c)\, } [/tex]
[tex]\qquad \, \fcolorbox{black}{#eee5de}{$A_t= \sqrt{p \cdot(p-a)\cdot (p-b) \cdot (p-c)}$}\, \\\, [/tex], que é a fórmula de Herão.



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