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Maurício Peixoto

Maurício Matos Peixoto (15 de abril de 1921 – 28 de abril de 2019) foi um matemático brasileiro nascido na cidade de Fortaleza, no Ceará. Foi um dos fundadores do IMPA e presidente do CNPq, da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Além de ter sido um pesquisador emérito e ter recebido diversos prêmios de reconhecimento internacional, ele também foi o desenvolvedor do Teorema do Peixoto, um dos seus trabalhos mais conhecidos.

Imagem extraída de Revista Pesquisa Fapesp (Acesso em 03/10/25)

Seu pai, José Carlos de Matos Peixoto, era governador do estado do Ceará, mas, devido à revolução de 1930, foi destituído do cargo e teve que se dirigir ao Rio de Janeiro com a família. Entretanto, em 1931, Maurício voltou ao Ceará para morar com a tia e, em 1932, terminou o primeiro ano do fundamental ainda em Fortaleza, retornando no final do ano para o Rio de Janeiro.

Educação

Quando retornou ao Rio de Janeiro, se matriculou no Colégio Pedro II. Seu interesse pela Matemática iniciou-se devido a ter sido reprovado na matéria. Com a reprovação, foi necessário o acompanhamento de aulas particulares para auxiliar Peixoto a passar de série. Essas aulas foram ministradas pelo professor Nelson Chaves, que era aluno da Escola Nacional de Engenharia (ENE). Em uma entrevista no ano de 2003, ele fala sobre Nelson: “Um jovem inteligente, com ideias muito claras sobre Matemática. Foi uma referência muito importante, porque mudou a minha vida, num certo sentido.[…] Fiquei deslumbrado com as explicações e o entusiasmo do professor e, além de passar de ano, decidi que iria seguir alguma profissão que dependesse de Matemática.” (PEIXOTO, 2003, p. 240).

Seu interesse na Matemática permaneceu durante sua adolescência. Sendo assim, passou na Universidade do Distrito Federal (UDF) para o curso de Matemática, porém a mesma foi extinta nos próximos anos.
No Brasil existiam poucos cursos voltados para a Matemática, então ele ingressou na Escola Nacional de Engenharia (ENE). Peixoto afirma: “Como a carreira de matemático não existia, fui estudar a matéria no lugar onde era ensinada, ou seja, na Escola de Engenharia”. Porém, mesmo formado, nunca exerceu a profissão de engenheiro, demonstrando que o seu verdadeiro interesse era estudar puramente Matemática.
Na universidade foi onde conheceu a sua primeira esposa, a também matemática Marília Chaves Peixoto. Também conheceu Leopoldo Nachbin, um grande matemático brasileiro com quem fundaria junto o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), anos mais tarde.

Carreira

Formou-se em 1943 e logo depois começou a lecionar Mecânica Racional, sendo professor assistente. Os principais estudos durante a sua carreira foram Sistemas Dinâmicos, com foco na estabilidade estrutural. Em 1947, participou do Núcleo de Matemática da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no qual estavam também Leopoldo Nachbin, Maria Laura Mousinho e Lélio Gama, entre outros. Era uma fundação com um espaço aberto para pesquisas e para o desenvolvimento da Matemática.
Em 1949, viajou para Chicago juntamente com Leopoldo, por meio da Convenção de Buenos Aires, a BA Convention, através da qual o governo americano dava bolsas a latino-americanos. Ele retornou ao Brasil em 1951, desistindo de seu doutorado no exterior e conseguindo fazer um concurso para professor catedrático da Universidade do Brasil. No ano seguinte, em 1952, fundou o IMPA ao lado de Lélio Gama e de Leopoldo Nachbin. Passado alguns anos, em 1957, foi para a Universidade de Princeton, para trabalhar como orientando de Solomon Lefschetz, um matemático já reconhecido por suas pesquisas na área de interesse de Maurício (Sistemas Dinâmicos com Estrutura Estável). Em 1964, ainda voltou aos Estados Unidos para lecionar na Universidade Brown, a convite de Lefschetz.

Demais conquistas durante a sua carreira foram:

• 1969 – Prêmio Moinho Santista (utilizou o prêmio para a construção de uma escola pública)
• 1975 a 1977 – Presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM)
• 1979 a 1980 – Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
• 1981 a 1991 – Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC)
• 1987 – Prêmio de Matemática da Academia Mundial de Ciências (TWAS)

Teorema do Peixoto

Maurício contribuiu em muitas partes da Matemática, mas seu trabalho principal foi o Teorema do Peixoto. Dentro desse projeto, ele revisou o conceito de estabilidade estrutural em sistemas dinâmicos, proposto pelo físico soviético Aleksandr Aleksandrovich Andronov e o matemático Lev Pontryagin em 1937, fornecendo uma caracterização para sistemas estruturalmente estáveis.

Anos finais

Quando estava perto dos 90 anos, Peixoto foi chamado por Marcelo Viana para publicar um livro que reunisse todos os seus trabalhos. Ele dispensou. O motivo, confessado pouco tempo depois, seria de que, mesmo depois de publicar mais de 40 artigos que mudaram o rumo da Matemática internacionalmente, o pesquisador continuava a fazer matemática e acreditava que o ponto alto de sua obra ainda estava por vir. Infelizmente, em 28 de abril de 2019, aos 98 anos, ele veio a falecer. A causa da sua morte não veio a ser divulgada.

Fontes:
[1] Wikipedia – Acesso em 03 out. 2025.
[2] IMPA – Acesso em 03 out. 2025.
[3] Boletim Cearense de Educação e História da Matemática – Acesso em 03 out. 2025.
[4] Wikipedia (Teorema de Peixoto) – Acesso em 03 out. 2025.
[5] Wikipedia (Estabilidade Estrutural) – Acesso em 03 out. 2025.
[6] YouTube – Acesso em 03 out. 2025.
[7] Revista Pesquisa Fapesp – Acesso em 03 out. 2025.
[8] Academia Brasileira de Ciências – Acesso em 03 out. 2025.
[9] Agência FAPESP – Acesso em 03 out. 2025.
[10] Revista Galileu – Globo – Acesso em 03 out. 2025.