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Mary Cartwright

Imagem extraída de Wikipédia (Acesso em 04/10/25)

Mary Lucy Cartwright, uma renomada matemática britânica que desempenhou um papel pioneiro no desenvolvimento da Teoria do Caos com seu Efeito Borboleta, nasceu em 17 de dezembro de 1900, em Aynho, no condado de Northamptonshire, Inglaterra. Cartwright descendia de uma família aristocrática, mas sem o poder aquisitivo da nobreza, sendo filha de William Degby Cartwright e Lucy Harriette Maud Cartwright. Foi educada por uma governanta até os 11 anos e, em 1912, para aprimorar sua educação, Mary foi enviada para a Leamington High School, seguida por estudos na Graveley Manor School em Boscombe e na Godolphin School em Salisbury, escolas renomadas da época. Embora se destacasse em história, foi sob a orientação da professora Srta. Hancock, que lhe ensinou cálculo e geometria analítica, que seu interesse pela matemática floresceu.
Em outubro de 1919, Mary Cartwright ingressou no St Hugh’s College, em Oxford, para estudar Matemática. Naquele período, havia apenas cinco mulheres em toda a universidade dedicadas ao estudo da disciplina. Após os dois primeiros anos de estudo, Mary prestou os exames de qualificação, sendo classificada na segunda classe. Devido à superlotação das salas, havia poucas vagas disponíveis na primeira turma, o que a deixou profundamente frustrada. No entanto, sua paixão pela matemática a motivou a continuar na área.
A carreira científica de Cartwright iniciou-se em 1923. Devido aos custos para realizar o doutorado, Mary lecionou durante quatro anos em duas escolas: a Escola Alice Ottley, em Worcester, e depois na Escola Wycombe Abbey em Buckinghamshire. De volta a Oxford em 1928, Mary Lucy Cartwright foi supervisionada por G.H. Hardy durante seu doutoramento e, em seguida, por Edward Titchmarsh. Sua tese, focada em zeros de funções integrais, foi examinada por John Littlewood, com quem ela desenvolveria uma colaboração duradoura e significativa.
Em 1930, Cartwright recebeu uma bolsa de pesquisa e se mudou para o Girton College, em Cambridge, onde continuou a trabalhar em sua tese e resolveu um problema proposto por Littlewood, resultando no Teorema de Cartwright. Esse teorema forneceu uma estimativa importante para funções analíticas e foi crucial para o desenvolvimento da teoria do caos e a representação de complexidade em imagens de fractais. Littlewood escreveu: “Apenas para nos ocupar, continuamos insistindo naquilo, sem nenhuma perspectiva terrena de ‘resultados’; de repente, toda a vista da dramática e fina estrutura das soluções apareceu diante de nós.”
Cartwright foi nomeada professora assistente em Cambridge em 1934 e diretora de estudos no Girton College em 1936. Em 1938, começou a colaborar com Littlewood em equações diferenciais não lineares, contribuindo para a estabilidade dos radares. Em 1947, foi eleita Membro da Royal Society, sendo a primeira matemática a receber essa honra. Também foi a primeira mulher a servir no Conselho da Royal Society e a única a presidir a London Mathematical Society (1961-1962). Recebeu a De Morgan Medal em 1968 e foi nomeada Dama da Ordem do Império Britânico em 1969.

Curiosidades e vida pessoal

Um presente curioso que Mary Cartwright recebeu na infância foi um livro em branco com a frase “Seja uma boa e doce jovem, e deixe os outros serem espertos.” Esse presente se tornou um marco em sua formação, simbolizando a dualidade entre as expectativas sociais para as mulheres e sua própria busca incansável pelo conhecimento.
Entre as duas guerras mundiais, 242 estudantes defenderam doutorado em Matemática na França, dos quais apenas 5 eram mulheres. Mary Cartwright estava entre essas 5 estudantes e se destacaria em Mecânica de fluidos e Álgebra abstrata, tornando-se a primeira matemática a ser professora universitária na França em 1938.
Mary Lucy Cartwright não foi apenas uma pesquisadora e professora dedicada, mas também uma cidadã ativa e viajante internacional. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu no Destacamento da Cruz Vermelha e, após a guerra, visitou várias universidades americanas. Discreta em sua vida pessoal, Cartwright se preocupava em não ser um fardo para os outros e era conhecida por seu interesse em história e sua facilidade de convívio. Após se aposentar da Universidade de Cambridge, continuou a visitar universidades e a inspirar estudantes, sempre comprometida com a qualidade acadêmica e a orientação cuidadosa. Nos últimos anos, encantou todos com sua vivacidade e humor refinado. Mary Cartwright faleceu em Cambridge, Inglaterra, no dia 3 de abril de 1998, aos 97 anos.
Cartwright é descrita por McMurran e Tattersall como: “… uma pessoa que tinha o dom de ir ao cerne de uma questão e de ver o ponto importante, tanto na matemática quanto nas questões humanas.”

Principais conquistas

  • Bacharelado, St. Hugh’s College, Universidade de Oxford, 1923
  • Doutorado (D.Phil.), Universidade de Oxford, 1927
  • 1935-1959: Professora, Universidade de Cambridge
  • 1935-1948: Diretora de Estudos em Matemática, Girton College, Universidade de Cambridge
  • Yarrow Research Fellow, Girton College, Cambridge
  • Fellow da Royal Society de Londres, 1947
  • 1949-1968: Reitora, Girton College
  • Presidente da Mathematical Association, 1952
  • 1959-1968: Leitora em Teoria das Funções, Universidade de Cambridge
  • Presidente da London Mathematical Society, 1963
  • Medalha Sylvester da Royal Society, 1964
  • 1968-1998: Diversas Cátedras de Professora Visitante
  • Medalha De Morgan da London Mathematical Society, 1968
  • Dama do Império Britânico, 1969


Fontes:
[1] Sociedade Portuguesa de Matemática – Acesso em 04 out. 2025.
[2] Universidade na Escola e Escola na Universidade: a Matemática em Foco – Acesso em 04 out. 2025.
[3] Instituto de Física da UFRGS – Acesso em 04 out. 2025.
[4] Wikipedia – Acesso em 04 out. 2025.
[5] CWP – UCLA – Acesso em 04 out. 2025.
[6] SBM – Acesso em 04 out. 2025.

COM Sociedade de Hilbert
Equipe COM – OBMEP

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